Ao chegar na parte de metodologia de uma pesquisa científica, é comum se sentir “travado” para escrever, principalmente no que diz respeito aos tipos de pesquisa científica. E por que isso acontece?

A metodologia é uma das partes mais importantes de uma pesquisa, pois é ela que permite que outras pessoas refaçam o estudo.

Sendo assim, é normal ter medo de errar a metodologia ou não saber por onde começar. 

Um dos problemas recorrentes em bancas de TCC, dissertações e teses é a classificação errada da metodologia. 

Portanto, neste artigo vamos explicar quais são os tipos de pesquisa científica e como escrever a primeira parte da metodologia, que é a classificação da pesquisa. Continue a leitura!

O que é pesquisa científica?

A pesquisa científica é um estudo que tem o objetivo de encontrar respostas para um problema de pesquisa específico a partir de uma sequência de passos rigorosa.

Por meio dela, é possível gerar novos conhecimentos ou resolver problemas práticos. 

A diferença de uma pesquisa científica para uma pesquisa feita no Google, por exemplo, é que o problema a ser solucionado tem relevância científica, ou seja, é importante do ponto de vista social. 

Além disso, na pesquisa científica tudo o que é feito é registrado com o objetivo de que qualquer pessoa refaça o estudo nas mesmas condições que o original.  

Por que devo conhecer os tipos de pesquisa científica?

Conhecer os tipos de pesquisa científica é muito importante se você está cursando uma graduação ou pós-graduação. 

Isso porque você está ou vai estar se dedicando a uma pesquisa científica, seja ela um TCC, um artigo, uma dissertação ou uma tese. 

Sendo assim, ao escrever a sua metodologia, você terá que classificar a sua pesquisa. 

A classificação da pesquisa é um tema polêmico, já que existem diversas classificações propostas por diferentes autores.

Neste artigo vamos apresentar a classificação do autor Antonio Carlos Gil, que é uma das mais utilizadas. 

Quais são os tipos de pesquisa científica?

Existem diversos tipos de pesquisa científica e aqui vamos apresentar somente aqueles necessários para classificar o seu estudo. 

Essa tipologia de pesquisa é a primeira parte que você vai escrever na sua metodologia. 

Basicamente, você terá que classificar sua pesquisa de acordo com quatro categorias: natureza, objetivos, procedimentos e abordagem. Cada uma delas é explicada a seguir.

Classificação quanto à natureza

Nesta classificação a pesquisa pode ser básica ou aplicada.

A pesquisa básica tem como finalidade gerar conhecimentos e teorias, enquanto a pesquisa aplicada procura gerar conhecimento para melhorar práticas que já existem. 

Classificação quanto aos objetivos

Nesta categoria as pesquisas podem ser classificadas como exploratórias, descritivas e explicativas. Esta é uma classificação mais teórica da pesquisa. 

É importante deixar claro que nem sempre a sua pesquisa será apenas um dos três tipos. Ela pode combinar mais de um desses tipos ao mesmo tempo, a depender da maneira como será feita.

Entenda a diferença entre elas.

Exploratórias

Como o próprio nome sugere, este tipo de pesquisa tem como finalidade explorar um determinado assunto sobre o qual não se tem ainda muitas informações.

Este tipo de pesquisa geralmente utiliza levantamento bibliográfico, entrevistas e estudos de caso como procedimentos. 

Descritivas

Este tipo de pesquisa tem como finalidade descrever características de uma população/fenômeno ou demonstrar como duas variáveis se relacionam. 

Podemos citar como exemplos de pesquisas descritivas:

  • estudar idade, sexo e escolaridade de um grupo de pessoas;
  • levantar opiniões de um grupo de pessoas sobre um assunto; 
  • descobrir se a quantidade de horas de sono reduz o envelhecimento precoce.

Sendo assim, este tipo de pesquisa científica geralmente utiliza o levantamento como procedimento, por meio de questionários e observação sistemática, pois são técnicas de coleta de dados mais estruturadas. 

Explicativas

Este tipo de pesquisa tem como finalidade explicar o porquê das coisas.

Por aprofundar o conhecimento, é também complexa, pois o risco de cometer erros é grande. É a partir dela que se formam teorias científicas. 

Isso não significa que ela seja mais importante do que as pesquisas exploratórias e descritivas.

Na verdade, elas são a base para as pesquisas explicativas por fornecerem mais informações sobre um assunto. 

É mais comum nas áreas de biológicas e geralmente utiliza como procedimentos o método experimental e ex-post facto.

Classificação quanto aos procedimentos

Esta é uma classificação mais prática da pesquisa. Pode ser chamada de procedimentos ou delineamento e representa o que será efetivamente feito. 

Envolve a descrição de como os dados serão coletados, tratados e analisados. 

Neste grupo há diversos tipos de pesquisa científica que podem ser utilizados.

Pesquisa bibliográfica

A pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de materiais publicados que passaram por alguma análise.

Exemplos desses materiais são: livros, artigos científicos de jornais, revistas ou eventos, dicionários, enciclopédias etc. 

Pesquisa documental 

A pesquisa documental é muito parecida com a bibliográfica com a diferença de que as fontes de pesquisa não passaram por uma análise.

Exemplos desses materiais são: documentos armazenados em arquivos de instituições públicas e privadas, cartas, diários, documentos oficiais como memorandos, ofícios, regulamentos, regimentos etc. 

Pesquisa experimental

A pesquisa experimental verifica a influência de determinadas variáveis sobre um objeto de estudo por meio de controle e observação. 

Pode ser desenvolvida em laboratórios ou de outras formas, desde que presentes as características de manipulação das variáveis, de controle e de escolha aleatória dos elementos que compõem o grupo observado.

Pesquisa ex-post facto

Assim como a pesquisa experimental, a pesquisa ex-post facto verifica relações entre variáveis, com a diferença que essa verificação é feita após a ocorrência do fato.

Portanto, o pesquisador não possui controle inicial sobre o experimento.

Estudo de coorte

Este tipo de pesquisa envolve o estudo de dois grupos de pessoas com características em comum por um período específico. Assim, existem dois tipos de estudo de coorte: 

  • prospectivos: analisam o momento presente;
  • retrospectivos: analisam o momento passado. 

Portanto, no estudo de coorte dois grupos são analisados: um deles é submetido a um determinado fator de risco e outro não.

Estudos na área da saúde utilizam este tipo de pesquisa para elaborar vacinas, por exemplo. 

Levantamento

O levantamento é um tipo de pesquisa feita diretamente com o grupo que se deseja conhecer as atitudes, opiniões ou comportamentos por meio de técnicas como o questionário, por exemplo. 

Quando feito com a totalidade de pessoas que representam o problema investigado, recebe o nome de censo. 

Em função do alto custo para desenvolver um censo, os levantamentos são feitos com uma amostra significativa da população, mediante cálculo estatístico de amostra e margem de erro.

A partir dos resultados da amostra, inferem-se conclusões sobre a população. 

Estudo de caso

Este tipo de pesquisa é um estudo profundo e detalhado sobre um determinado objeto de pesquisa. O estudo de caso não possui procedimentos rígidos para sua execução. 

Portanto, o pesquisador precisa ter cuidado redobrado para planejar corretamente como os dados serão coletados e analisados. 

Estudo de campo

Este tipo de pesquisa é semelhante ao levantamento, com a diferença que o levantamento é mais amplo e o estudo de campo, mais profundo. 

O estudo de campo tem foco em uma comunidade ou grupo específico e, para o aprofundamento da pesquisa, utiliza técnicas como a observação direta do grupo investigado e entrevistas.  

O pesquisador realiza o estudo de campo pessoalmente no local onde ocorre o fenômeno estudado.

Pelo fato de participar ativamente na coleta dos dados, o estudo de campo fornece respostas mais confiáveis do que o levantamento. 

Pesquisa ação

A pesquisa ação envolve a resolução de um problema coletivo, em que tanto o pesquisador como os participantes do fenômeno estudado estão envolvidos. 

Pesquisa participante

Assim como na pesquisa ação, na pesquisa participante também há a interação entre pesquisador e pesquisados.

É comum tratar estes dois tipos como sinônimos, embora sejam diferentes. 

A pesquisa participante difere um pouco do que Gil chama de “ciência dominante”, ou seja, da ciência convencional.

Isso quer dizer que, para este autor, a pesquisa participante envolve a investigação de grupos menos favorecidos e tem um caráter mais humanitário do que científico, por assim dizer. 

Classificação quanto à abordagem do problema

A abordagem do problema pode ser qualitativa, quantitativa ou mista. Ela se relaciona com a forma como os dados serão trabalhados na pesquisa. 

A abordagem qualitativa é quando a pesquisa envolve categorização e interpretação dos dados sem uso de técnicas estatísticas. 

Já a abordagem quantitativa é quando é prevista a utilização de técnicas estatísticas e apresentação dos dados em tabelas e gráficos. 

Isso não significa que a pesquisa tem que ser uma ou outra, pois ela pode combinar estes dois tipos.

Quando isso acontece, a abordagem recebe o nome de mista, quanti-qualitativa ou quali-quantitativa. Nos últimos dois casos, uma das abordagens prevalece sobre a outra. 

Como escrever a metodologia na prática?

Agora que você já sabe quais são os tipos de pesquisa científica para classificar sua pesquisa, vamos mostrar como escrever a metodologia, na prática. 

As informações básicas que você precisa informar na metodologia são: 

  • tipologia da pesquisa;
  • população e amostra, quando houver;
  • ambiente da pesquisa, quando houver;
  • coleta de dados;
  • tratamento dos dados;
  • análise dos dados. 

É importante fundamentar a sua escolha metodológica, portanto, não esqueça de citar e referenciar o autor que você escolher para justificar a metodologia.

Se a sua escolha for o Gil, a referência dele se encontra ao final deste artigo. 

Conclusão

Neste artigo, mostramos como escrever a primeira parte da pesquisa científica, que é a classificação da pesquisa.

Para isso, usamos como base o autor Antonio Carlos Gil, cuja referência se encontra ao final do artigo. 

É importante ressaltar que, ao fazer uma pesquisa científica, não podemos ter preguiça de consultar livros de metodologia científica para tirar as nossas dúvidas e realizar a pesquisa corretamente. 

Às vezes os erros acontecem pela falta de informações corretas no tempo certo ou pela orientação inadequada do professor, que também está em constante aprendizado. 

O mapa mental a seguir sintetiza os tipos de pesquisa científica. Salve-o em seu computador e utilize-o sem moderação.

tipos de pesquisa científica

Referências

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002. 

Sobre o Autor

Byanca
Byanca

Gestora da Informação, servidora pública e empreendedora digital nas horas vagas. Entusiasta de temas sobre estudos, organização e produtividade.

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